domingo, 7 de agosto de 2016

Imagem por Lays Camargo

"Aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda. Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado."

Rubem Alves

sábado, 16 de julho de 2016

O desejo de Pintar


Infeliz pode ser o homem, mas feliz o artista que o desejo dilacera!
Estou louco por pintar aquela que apareceu tão raras vezes e tão depressa fugiu, como algo belo e fugaz fica atrás do viajante arrastado na noite. Como já faz tempo que ela desapareceu!
Ela é bela, e mais que bela; ela é surpreendente. Nela o negro excede: e tudo o que ela inspira é noturno e profundo. Seus olhos são dois antros em que cintila vagamente o mistério, e seu olhar ilumina como o raio: é uma explosão dentro das trevas.
Eu a compararia a um sol negro, se pudéssemos conceber um astro negro que vertesse a luz e a felicidade. Mas ela lembra mais facilmente a lua, que sem dúvida a marcou com sua temível influência; não aquela lua branca dos idílios, que se assemelha a uma noiva fria, mas a lua sinistra e embriagante, suspensa ao fundo de uma noite tempestuosa e transtornada pelas névoas que correm; não aquela lua mansa e discreta a visitar o sono dos homens puros, mas a lua arrancada do céu, vencida e revoltada, que as Feiticeiras tessalienses obrigam duramente a dançar sobre a relva apavorada!
Na sua fronte pequena residem a vontade tenaz e o amor pela presa. No entanto, na base deste rosto inquietante, em que narinas móveis aspiram o desconhecido e o impossível, rebenta, com graça indizível, o riso de uma grande boca, vermelha e branca, e deliciosa, que faz sonhar com o milagre de uma esplêndida flor desabrochada num terreno vulcânico.
Há mulheres que inspiram o desejo de vencê-las e desfrutá-las; mas esta dá vontade de morrer lentamente sob seu olhar.


Charles Pierre Baudelaire

terça-feira, 12 de julho de 2016

Vazio.
Uma ausência intensa,
Sabe-se lá do quê.

A presença fria
da sua própria escuridão.

Amor?
Quiçá.
Há tempos não o vejo por essas bandas.
Não o correspondido.

Será que existe amor sem ser correspondido?
Não creio.
Amor que é amor,
Reflete.
Enlaça.
Amor é continuidade.
Não acredito em amor não correspondido.
Quando isso acontece,
Ama-se mais a ideia do amor,
do que ele mesmo.
Ama-se mais o lugar de apaixonado,
Mesmo que inconscientemente.
Mas amor...
... É um grito suave,
Um desespero confiante,
Uma paz que estremece.
Não sobrevive só.
A não ser para inspirar
Solitários, incompreendidos, poetas.

Ver a beleza.
Encantar-me pelo outro
é uma constante.

O desencanto,
Ah, esse aperta!
Vivo a espera do não desencanto
Mas as pessoas derretem a minha frente.
Como velas acesas
Que qualquer um providenciou para um jantar
Querendo impressionar.
Servem para ocasiões
E se vão sem que nos demos conta.

A vela se apaga,
O amor se vai,
O vazio grita.
A tristeza dança
E nos desafia.

Lays Camargo e Vanessa Espi - Ribeirão Preto/Rio de Janeiro, 12 de Julho de 2016.
Vazio.
Uma ausência intensa,
Sabe-se lá do quê.

Amor?
Quiçá.
Há tempos não o vejo por essas bandas.
Não o correspondido.

Ver a beleza.
Encantar-me pelo outro
é uma constante.


Lays Camargo - Ribeirão Preto, 12 de Julho.
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